quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Tudo é uma questão de calendário. Uma contagem inexata de tempo que carece de correção a cada quatro anos, mas ilumina a face e, por que não, o comércio, de todo uma gente carente de atenção. Qual a importância do último dia do ano senão a impossibilidade de uma linearidade infinita, uma sucessão de dias sem parada? Que mudança trouxe a alteração soviética do calendário juliano para o gregoriano, exceto que, neste ano, eles ficaram sem carnaval. Ah, certo, faz frio, carnaval não tem graça.
domingo, 28 de dezembro de 2008
"Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou burro, educado ou analfabeto. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que importa ou não.”
Fui apresentado a este livro em janeiro deste ano por uma menina de 15 anos e, confesso, não dei muita atenção. Rodeado pelo último romance do Bernardo Carvalho e por minhas queridas biografias, pareceu-me ingênuo e, sim, é. Talvez não fosse exclusivamente pelo conteúdo. Eu viajara, estava na praia, e deixei meu cão, 14 anos de idade e já meio doente, em casa, aos cuidados de meus pais. Sabia, bem lá no fundo, que seria definitivo e, desta forma, meio que sem consciência do que fazia, despedi-me dele de uma forma especial. Arrumei sua caminha, limpei seu pêlo, abracei-o. Sabia que aquela cama seria destruída assim que eu saísse, mas, não me importei. Não sei se os cães ligam pra abraços, mas eu precisava fazê-lo. Creio que após anos de negligência, sentia-me culpado por aquela situação. Sentia-me ressentido por atribuir sua titularidade ao meu irmão, mas, se os cãos só tem um dono, sim, seria ele, e o cão demonstrava isso. Acho que era uma dor no coração pela negligência de meu irmão e sua fidelidade ao seu dono. Mas eu vivia nessa casa e ele gostava de mim também, não tanto, é verdade. Mas eu gostava muito dele. Fato que, passados 15 dias sem notícias, separados por 3mil quilômetros e imerso em vãos prazeres, recusei-me a ler o livro pelas lembranças. Não resisti por muito mais tempo e, ao telefone, perguntei aos meus pais pelo cão e recebi a notícia que, de certa forma, já sabia. Mesmo já sabendo, não foi mais fácil.
Ontem acatei a vontade alheia e assisti o filme. Pelo exposto, sou totalmente suspeito pra falar, mas chorei horrores. No final do filme, ouvia-se um coro de fungadas, daquelas quando o nariz entupido por lágrimas precisa ser desobstruído. Creio, então, que todo mundo tem uma história assim... acho que os cães são mesmo assim, queridos, amáveis, amigos. No filme, quando o ônibus escolar dobrava o último quarteirão antes da casa das crianças, Marley corria e postava-se sentado, ao lado da caixa de correios, esperando pelas crianças. Estas, ainda longe do campo de visão do cão, conversavam: Será que o Marley estará lá? Sim, ele sempre está! Como ele sabe que estamos chegando? Não sei, ele simplesmente sabe. Acho que é assim com bons cães, eles simplesmente sabem.
Meu cão, o Doug, simplesmente sabe.
Fui apresentado a este livro em janeiro deste ano por uma menina de 15 anos e, confesso, não dei muita atenção. Rodeado pelo último romance do Bernardo Carvalho e por minhas queridas biografias, pareceu-me ingênuo e, sim, é. Talvez não fosse exclusivamente pelo conteúdo. Eu viajara, estava na praia, e deixei meu cão, 14 anos de idade e já meio doente, em casa, aos cuidados de meus pais. Sabia, bem lá no fundo, que seria definitivo e, desta forma, meio que sem consciência do que fazia, despedi-me dele de uma forma especial. Arrumei sua caminha, limpei seu pêlo, abracei-o. Sabia que aquela cama seria destruída assim que eu saísse, mas, não me importei. Não sei se os cães ligam pra abraços, mas eu precisava fazê-lo. Creio que após anos de negligência, sentia-me culpado por aquela situação. Sentia-me ressentido por atribuir sua titularidade ao meu irmão, mas, se os cãos só tem um dono, sim, seria ele, e o cão demonstrava isso. Acho que era uma dor no coração pela negligência de meu irmão e sua fidelidade ao seu dono. Mas eu vivia nessa casa e ele gostava de mim também, não tanto, é verdade. Mas eu gostava muito dele. Fato que, passados 15 dias sem notícias, separados por 3mil quilômetros e imerso em vãos prazeres, recusei-me a ler o livro pelas lembranças. Não resisti por muito mais tempo e, ao telefone, perguntei aos meus pais pelo cão e recebi a notícia que, de certa forma, já sabia. Mesmo já sabendo, não foi mais fácil.
Ontem acatei a vontade alheia e assisti o filme. Pelo exposto, sou totalmente suspeito pra falar, mas chorei horrores. No final do filme, ouvia-se um coro de fungadas, daquelas quando o nariz entupido por lágrimas precisa ser desobstruído. Creio, então, que todo mundo tem uma história assim... acho que os cães são mesmo assim, queridos, amáveis, amigos. No filme, quando o ônibus escolar dobrava o último quarteirão antes da casa das crianças, Marley corria e postava-se sentado, ao lado da caixa de correios, esperando pelas crianças. Estas, ainda longe do campo de visão do cão, conversavam: Será que o Marley estará lá? Sim, ele sempre está! Como ele sabe que estamos chegando? Não sei, ele simplesmente sabe. Acho que é assim com bons cães, eles simplesmente sabem.
Meu cão, o Doug, simplesmente sabe.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Totalmente legal!!!
http://www.cult22.com/blog/2008/12/16/meu-pai-me-ensinou-que-os-cara-era-underground/
Ana faz torta. De uísque, faz torta! Roubaram a minha skol! hauhauhauhauhuah
http://www.cult22.com/blog/2008/12/16/meu-pai-me-ensinou-que-os-cara-era-underground/
Ana faz torta. De uísque, faz torta! Roubaram a minha skol! hauhauhauhauhuah
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Ouvindo : Metallica - Blackened
(...) É assim que todo o curso de uma vida pode ser desviado. Na praia de Chesil. ele poderia ter gritado o nome de Florence, poderia ter ido atrás dela. Ele não sabia, ou não teria querido saber, que, enquanto ela fugia, certa na sua dor de que o estava perdendo, nunca o amara tanto, ou mais desesperadamente, e que o som da voz dele teria sido seu resgaste, e que ela teria voltado atrás. Em vez disso, ele permaneceu num silêncio frio e honrado, na penumbra do verão, a observá-la em sua precipitação ao longo da orla, o som do seu avanço difícil perdendo-se entre o das pequenas ondas a quebrar na praia, até ela ser apenas um ponto borrado, desaparecendo na estrada estreita e infinita de seixos brilhando sob a luz pálida.
Ian McEwan em Na praia.
(...) É assim que todo o curso de uma vida pode ser desviado. Na praia de Chesil. ele poderia ter gritado o nome de Florence, poderia ter ido atrás dela. Ele não sabia, ou não teria querido saber, que, enquanto ela fugia, certa na sua dor de que o estava perdendo, nunca o amara tanto, ou mais desesperadamente, e que o som da voz dele teria sido seu resgaste, e que ela teria voltado atrás. Em vez disso, ele permaneceu num silêncio frio e honrado, na penumbra do verão, a observá-la em sua precipitação ao longo da orla, o som do seu avanço difícil perdendo-se entre o das pequenas ondas a quebrar na praia, até ela ser apenas um ponto borrado, desaparecendo na estrada estreita e infinita de seixos brilhando sob a luz pálida.
Ian McEwan em Na praia.
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