domingo, 29 de março de 2015

Assusto-me quando ligo a televisão e vejo mais uma tragédia acontecer. Tantas vidas perdidas com a mesma velocidade que procuram para ela achar explicação. Em menos de dois dias há culpados; ou melhor, culpado. Tem nome, sobrenome, residência, profissão, currículo, família, ex-namorada e história médica. Mais rápido do que isolar a área do acidente para o trabalho da perícia, um vazamento de gravação leva à primeira pista, ao primeiro indício e, subitamente, tudo parece estar explicado. A velha necessidade que temos de justificar o injustificável, de explicar o que não compreendemos, de racionalizar tudo que se sentimos. Uma vida inteira é vasculhada, não importa a quem prejudique. Informações verídicas e inverídicas são jogadas aos quatro ventos, procuram a todo momento a melhor cobertura, o melhor furo, a informação mais acertada. Não se preocupam, talvez, com mais de uma centena de vítimas e seus familiares, não se preocupam com todos outros que nada mais podem fazer a não ser sofrer. Tristes e tenebrosos os dias quando os sentimentos, a honra e a paz são desrespeitadas por um simples furo de reportagem ou uma carreira em algum órgão público de acusação. 
Sabe quando você assiste aquele filme que te deixa sensível e te coloca a pensar em botões e frangalhos? Então você pára e só consegue sentir um pontinho lá dentro, que de aparentemente perdido, surge e pulsa e se mostra grande. É como se chorasse, mas o sentimento valoriza tudo que se vive. E qual não seria a vontade disso tudo senão essa sensação de "vida"?!