domingo, 11 de agosto de 2013

Foram tantas as vezes que andou por ruas desconhecidas e pessoas estranhas. Tentava manter a cabeça erguida, mas acabava sempre olhando para o chão. Acreditava que aqueles lugares tão diferentes talvez fossem seu lugar. Na verdade, acho que nunca acreditou nisso, mas desejava achar um lugar pra chamar de seu. Nunca achou. Outros países acabavam sendo mais fáceis do que imaginou, talvez nunca acreditara que teria que deixar sua pátria. Cidades próximas era um pouco mais difíceis. Por vezes, saia, conhecia pessoas aleatoriamente e tentava pertencer, mas nunca soube o que era isso. Hoje ele sentiu isso em sua própria cidade. Caminhou entre prédios com apartamentos acesos, ouvindo vozes indistintas que eram indiferentes a sua presença. Não parou. Fez o que tinha que fazer, somente caminhou. A volta fria trouxe um sentimento diferente, doloroso, cruel. Sentiu-se tão sozinho em sua própria cidade como nunca se sentira, mesmo em outro continente. Aquela esperança de ter um lugar seu, com pessoas suas, um colo afável e um abraço apertado... sentiu essa esperança se esvaecer hoje. 

2 comentários:

  1. São olhos focados no chão e braços cruzados para se proteger da neve iminente. Se por um minuto atender às pelejas dos uivos dos ventos, perceberá que, na verdade, não são nuvens carregadas e nem cristais de gelo circundantes - nada mais são que plumas de Caliandras, encobrindo todo o chão deste cerrado com a maciez de colos afáveis, deveras espalhados por aí.

    (A fumaça do cigarro corrobora pra embaçar os abraços de lã. Quem sabe, associada ao whisky com sabor de café, é aceita - esporadicamente, por favor.)



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  2. Eu já li tantas vezes esse comentário e agora ele faz tanto sentido. Só queria que esse link aí em cima funcionasse pra poder falar. Tanta coisa que eu precisava dizer, mas que não pude, não soube. Nem que seja só pra dizer, talvez você ler/ouvir e me ignorar pra sempre, afinal, talvez eu mereça.

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