Deixa eu te contar uma história? É sobre uma pessoa que nunca viveu. Nunca viveu, mas estava bem com isso. Era uma pessoa que se preocupava tanto com os outros que abdicou de sua própria vida para tornar os outros felizes. Não parece muito crível, não é mesmo? Mas era assim que se sentia. Fazia de tudo para ver os outros bem. Era aquele que sempre procuravam quando havia algum problema, era aquele que ouvia todos com atenção, era aquele que ajudava a resolver qualquer problema. Por vezes, entretanto, não esteve bem e em todas essas vezes teve que caminhar desacompanhado por suas tormentas. Esta era uma pessoa que preferia estar triste do que ver as outras pessoas tristes, especialmente aquelas que lhe eram importantes. Imaginar ele mesmo sendo a causa dessa tristeza era coisa que não lhe passava pela cabeça. E essa pessoa aprendeu a viver assim... como bom humano moldado por hábitos e costumes, aquela forma de viver lhe era satisfatória. Essa pessoa, no entanto, trazia um fogo em si, talvez uma simples fagulha. Eventualmente, essa fagulha era alimentada e uma pequena chama se fazia presente. Houve um dia que, enfim, um vento daqueles bem travessos soprou essa fagulha que deu lugar a uma grande chama quente! Essa chama veio acompanhada de sentimentos intensos, de sonhos, de esperança, de ansiedade... de taquicardia, de borboletas no estômago, de brilho nos olhos e muitos sorrisos. Subitamente aquela pessoa que se contentava em fazer os outros bem estava se sentindo bem! Mas não somente isso, ela estava sonhando com coisas que nunca havia vivido, coisas que pensou que não fossem para ela. Acontece que, viver essas coisas, significaria fazer mal para outras pessoas, mesmo que somente em sua cabeça. E a ambivalência entre viver seu sonho e fazer mal pra alguém lhe custava muitos caracóis na cabeça. Foi um processo! Muita ponderação, muitos altos e baixos. Momentos de se jogar, momentos de se resguardar. Por fim, tomou uma decisão, mas que seria um golpe forte em pessoas que lhe eram muito queridas. Fá-las-ia sofrer e isso o incomodava muito. Chegou a pensar em abdicar de seu sonho novamente pelos outros, como sempre fizera ao longo de sua vida... mas, se agora estava tão triste, resultado seria desse mesmo comportamento ao longo da vida. Ao imaginar uma vida sem aquele seu sonho, o resultado era uma dor excruciante que lhe percorria o corpo e ia parar no coração, apertando-lhe com tanto força que lhe sufocava os pensamentos e fazia brotar lágrimas de seus olhos. Aquele sonho lhe era agora não somente um misto de sentimento e prazer, mas um ideal de vida que precisava buscar. Aquele sonho era pra ele tão valioso que mal poderia se imaginar vivendo sem aquilo tudo. Quando imaginava essa situação, logo lhe viam à cabeça lembranças de vários momentos vividos, talvez pequenos, mas todos cheios de esperança e carinho. Ele já não era mais o mesmo. Viver para satisfazer os outros já não era mais opção praquela pessoa. Ansiava por mudança, ansiava por acordar sorrindo, ansiava por viver aquilo que imaginara 500 vezes em sua cabeça. Mas a vida não acontece no plano das ideias e ele teve muita dificuldade em executar seu plano. Por vezes, depois de algumas hesitações, foi lá e fez, mas a vida mostrou que não seria tão fácil assim. O sonho, bem, ele tinha sentimentos também por esta pessoa e, não sem razão, sofreu bastante com os percalços do caminho. Bem, o fim dessa história eu ainda não sei. O que eu sei é que essa pessoa entendeu que a vida não faz sentido sem esse sonho no coração e que ele precisa vivê-lo. Se vai dar certo, talvez essa pessoa só saiba quando tentar, mas está decidida. Vem procurando construir sua vida com seu sonho, mas com cuidado. Nunca deixou de acreditar em seu sonho! Eu te amo!
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
terça-feira, 28 de maio de 2024
Tudo o que deveria ter acontecido 10 anos atrás...
Faz 10 anos que tudo aconteceu. Faz 10 anos que eu não sei o que aconteceu. Lembro exatamente da primeira vez que te vi. Era um sábado, próximo às 07h da manhã. Você usava uma calça bem colorida e uma blusa branca. Lembro que ambos estávamos indo tomar café da manhã no hospital. Te vi caminhando até o refeitório, ainda de longe, sem saber quem era você. Lembro que você terminou tudo bem rapidamente e eu ainda fiquei lá. Pouco tempo depois, você foi lá no nosso ambulatório e minha colega Gabriela já tinha me ouvido falar de você. Ela me disse várias vezes pra eu ir lá falar com você, mas não era assim que eu queria que você me visse. Acho que, na verdade, eu nunca soube como me comportar na sua frente.
Tantos momentos vem, agora, em flash, na minha cabeça, todos com tantos detalhes. A primeira vez que conversamos. Uma mensagem de "vem" que fez meu coração acelerar a 188bpm e deixar o aniversário que estava com meus amigos pra um fim de noite no pub. O primeiro convite: uma apresentação no Clube do Choro. Precisava ser uma coisa mais intimista, mas precisava ser descolado, precisava fugir do convencional e precisava ser divertido pra você. Pensei nisso tudo. Comemos pastel e tomamos cerveja. Eu queria Heineken, mas você preferia Bud! Lembro de te levar pra casa e de não querer que aquela noite acabasse. Um almoço em um restaurante ali perto. Um dia que eu tentei te levar pra jantar, mas o restaurante tinha fechado! Terminamos no macarrão, única coisa que eu sabia fazer... Uma festa dos residentes, um dia de cachorro quente gourmetizado perto da sua casa (e o caminho de volta mais mágico que já caminhei). Outro dia de troca de fotos despretensiosas. Uma noite de aniversário da Camila e a gente a acompanhando no barzinho badalado. Mas, uma das partes que mais me lembro, era de ler o que você escrevia. Seu blog cheio de metáforas misteriosas, seu encanto pelas palavras, minha vã esperança de desvendar os sentimentos desse coraçãozinho que gritava. Uma resposta sua a um post meu, que eu li muitas vezes e tive dificuldade em interpretar. E tantas e tantas outras vezes eu voltaria àquele post só pra ler seu comentário no final.
Foi uma fase difícil pra mim. Quando terminei a residência fiquei um ano sem passar pela comercial da 102 porque não queria lembrar dessa época. Eu vivi um momento difícil em minha vida, um momento que não soube lidar. Tantas incertezas... talvez você tenha pego a pior fase desse momento. Um ambiente hostil e eu, talvez por acreditar demais, talvez por exigir demais, talvez por querer fazer mais, fui muito alvo de gente perversa. Por muito pouco eu não abandonei a residência. Logo eu que, depois de abandonar engenharia elétrica, qualquer possibilidade de "perder" mais tempo, já me desesperava. Caminhei por um vale cheio de tormentas, mas o sofrimento, por ser coletivo, trazia um senso de união. No terceiro ano, praticamente não pisamos no hospital e isso me fez respirar. Duas atividades me trouxeram sobrevida e me mostraram que a prática profissional pode ser diferente daquilo que eu experimentara naquele hospital. Enfim, sobrevivi, mas me perdi no caminho. Mas te perdi no caminho.
Eu tento repassar esse momento pra entender o que aconteceu, mas eu não consigo entender o que eu fazia. Tenho 100% de certeza que eu te afastei e que te fiz sofrer. Logo eu que queria te salvar do início ao fim. Não me sai da cabeça o dia que eu saí do hospital e te encontrei sentadinha no degrau ao lado da calçada. Queria que nada daquilo fosse culpa minha, e talvez não tenha compreendido naquele momento, mas hoje tenho tanta certeza de tudo que se passou. Tínhamos, naquele momento, tudo que eu mais queria hoje. Subitamente estávamos os dois em um congresso no Rio e longe um do outro. E aí a vida nos separou. Ou fui eu, covardemente.
Incrível pensar que, passado tanto tempo, passado tanto espaço, o coração ainda sente um alento quando leio aquele comentário aqui no meu blog. E eu sempre volto pra lê-lo de tempos em tempos. Torci muito por você nesse período. Cada conquista sua compartilhada ao mundo, que era a parte que me cabia, me fazia vibrar. Senti tanto orgulho com sua luta, suas conquistas. Eu não sabia nada do que se passava em sua vida, mas me sentia realizado com tudo o que você conquistava. Talvez meu maior alento foi ver o sorriso no seu rosto expresso em algumas fotos, por um bom tempo. Sempre foi lindo te ver sorrir! Também fiz outra graduação (ainda faço), mas já nem sei se quero terminar. Acho que a única constância na minha vida são os textos, os poemas e, especialmente, a música. Eu com meu violão desde os 13 anos (o mesmo) juntos nessa jornada, tentando compreender o que é a vida e o que fazer com ela. Confesso que ainda não chegamos a uma conclusão. Ainda não cheguei a uma conclusão.
A única conclusão, ao pensar que dez anos se passaram, é que tenho um sentimento absurdo de carinho, uma admiração sem limites e uma culpa maior que o mundo. Culpa por tudo que não te dei, mesmo querendo. Culpa por tudo que não soube te mostrar, mesmo sentindo. Culpa por ter deixado tudo se esvaecer, mesmo desejando. Culpa por não ter vivido, mesmo sonhando.
O caminho inexorável do tempo não permite que mudemos as coisas, então tento, com essas palavras, te dizer o quão importante você foi pra mim e o tanto de remorso que sinto por ter te deixado ir. Na verdade, neste momento, só queria te pedir perdão pelas lágrimas que poderiam ter sido evitadas e não foram. Vou sempre torcer muito por você da arquibancada da vida e cultivarei caliandras pra cobrir de plumas um colo afável deveras espalhado por aqui.
terça-feira, 26 de outubro de 2021
Ouvindo: Fare Thee Well - Perdida - Stone Temple Pilots
Hoje a dor foi maior que o sonho. Hoje a tristeza venceu a esperança. Evitei o travesseiro por horas maratonando alguma série que fizesse sentido no meu coração (Obrigado This Is Us!). Fui acordado pela mesma dor que me acompanhou este último mês. Lembranças do dia de ontem fixadas na cabeça. Mais um dia como tantos outros vividos nessa vida, mais um dia sozinho, pensando no que poderia ser e não foi. Mais um dia em que eu deixo minha vida se esvaecer como areia escorrendo pelos meus dedos. Sentado em um local qualquer, tentando empurrar um açaí qualquer que só me fazia lembrar mais de você. Uma força sobrehumana pra não desaguar em lágrimas em público, uma força sobrehumana pra evitar algo que eu nem ligo.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
quarta-feira, 2 de maio de 2018
domingo, 29 de março de 2015
domingo, 11 de agosto de 2013
domingo, 9 de junho de 2013
domingo, 5 de maio de 2013
O grande problema da nossa geração é que não vivenciamos nada (ou quase nada) daquilo que fomentou a formação da banda: a repressão, as influências do punk e pós-punk, o cenário britânico, a ditadura militar ou seus resquícios, a mesmice de Brasília (isso talvez tenhamos visto todos). Acredito que não participar de todo esse movimento criou em nossas cabeças uma ilusão ainda maior sobre tudo aquilo que a banda representara. Talvez não tivéssemos a exata noção de tudo o que as letras significavam, mas vivemos à sombra do maior folclore que essa cidade recém-construída teria.
Impressionava como a banda, questionadora e rebelde, tornou-se triste e melancólica. Uma alma tão sensível muito ferida por esse mundo cruel, tenho certeza. E quantas vezes essas músicas embalaram nossas tardes e noites, seja em rodinhas de violão, seja reclusos na solidão de nossos quartos. Fato é que a Legião talvez tenha sido o que melhor essa cidade teve, atemporal, intenso e breve. Fica aquela saudade no peito e uma lágrima no canto dos olhos.
domingo, 8 de janeiro de 2012
sábado, 10 de dezembro de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
Retrato de um dia dos pais
terça-feira, 24 de maio de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
domingo, 6 de março de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
"A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando se apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela e toda luz que ela tinha cabia numa janela. A lua ficou tão triste com aquela história de amor que até hoje a lua insiste: Amanheça por favor!"
do Leminski
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
(suspiros)
Onde foi parar tudo isso?
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Se nada disso interessasse, ainda tem a Tammy Di Calafiori bem a vontade, digamos! Um pitelzinho, como diria o Marcelo Tas.