sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

 Deixa eu te contar uma história? É sobre uma pessoa que nunca viveu. Nunca viveu, mas estava bem com isso. Era uma pessoa que se preocupava tanto com os outros que abdicou de sua própria vida para tornar os outros felizes. Não parece muito crível, não é mesmo? Mas era assim que se sentia. Fazia de tudo para ver os outros bem. Era aquele que sempre procuravam quando havia algum problema, era aquele que ouvia todos com atenção, era aquele que ajudava a resolver qualquer problema. Por vezes, entretanto, não esteve bem e em todas essas vezes teve que caminhar desacompanhado por suas tormentas. Esta era uma pessoa que preferia estar triste do que ver as outras pessoas tristes, especialmente aquelas que lhe eram importantes. Imaginar ele mesmo sendo a causa dessa tristeza era coisa que não lhe passava pela cabeça. E essa pessoa aprendeu a viver assim... como bom humano moldado por hábitos e costumes, aquela forma de viver lhe era satisfatória. Essa pessoa, no entanto, trazia um fogo em si, talvez uma simples fagulha. Eventualmente, essa fagulha era alimentada e uma pequena chama se fazia presente. Houve um dia que, enfim, um vento daqueles bem travessos soprou essa fagulha que deu lugar a uma grande chama quente! Essa chama veio acompanhada de sentimentos intensos, de sonhos, de esperança, de ansiedade... de taquicardia, de borboletas no estômago, de brilho nos olhos e muitos sorrisos. Subitamente aquela pessoa que se contentava em fazer os outros bem estava se sentindo bem! Mas não somente isso, ela estava sonhando com coisas que nunca havia vivido, coisas que pensou que não fossem para ela. Acontece que, viver essas coisas, significaria fazer mal para outras pessoas, mesmo que somente em sua cabeça. E a ambivalência entre viver seu sonho e fazer mal pra alguém lhe custava muitos caracóis na cabeça. Foi um processo! Muita ponderação, muitos altos e baixos. Momentos de se jogar, momentos de se resguardar. Por fim, tomou uma decisão, mas que seria um golpe forte em pessoas que lhe eram muito queridas. Fá-las-ia sofrer e isso o incomodava muito. Chegou a pensar em abdicar de seu sonho novamente pelos outros, como sempre fizera ao longo de sua vida... mas, se agora estava tão triste, resultado seria desse mesmo comportamento ao longo da vida. Ao imaginar uma vida sem aquele seu sonho, o resultado era uma dor excruciante que lhe percorria o corpo e ia parar no coração, apertando-lhe com tanto força que lhe sufocava os pensamentos e fazia brotar lágrimas de seus olhos. Aquele sonho lhe era agora não somente um misto de sentimento e prazer, mas um ideal de vida que precisava buscar. Aquele sonho era pra ele tão valioso que mal poderia se imaginar vivendo sem aquilo tudo. Quando imaginava essa situação, logo lhe viam à cabeça lembranças de vários momentos vividos, talvez pequenos, mas todos cheios de esperança e carinho. Ele já não era mais o mesmo. Viver para satisfazer os outros já não era mais opção praquela pessoa. Ansiava por mudança, ansiava por acordar sorrindo, ansiava por viver aquilo que imaginara 500 vezes em sua cabeça. Mas a vida não acontece no plano das ideias e ele teve muita dificuldade em executar seu plano. Por vezes, depois de algumas hesitações, foi lá e fez, mas a vida mostrou que não seria tão fácil assim. O sonho, bem, ele tinha sentimentos também por esta pessoa e, não sem razão, sofreu bastante com os percalços do caminho.  Bem, o fim dessa história eu ainda não sei. O que eu sei é que essa pessoa entendeu que a vida não faz sentido sem esse sonho no coração e que ele precisa vivê-lo. Se vai dar certo, talvez essa pessoa só saiba quando tentar, mas está decidida. Vem procurando construir sua vida com seu sonho, mas com cuidado. Nunca deixou de acreditar em seu sonho! Eu te amo!

terça-feira, 28 de maio de 2024

Tudo o que deveria ter acontecido 10 anos atrás...

Faz 10 anos que tudo aconteceu. Faz 10 anos que eu não sei o que aconteceu. Lembro exatamente da primeira vez que te vi. Era um sábado, próximo às 07h da manhã. Você usava uma calça bem colorida e uma blusa branca. Lembro que ambos estávamos indo tomar café da manhã no hospital. Te vi caminhando até o refeitório, ainda de longe, sem saber quem era você. Lembro que você terminou tudo bem rapidamente e eu ainda fiquei lá. Pouco tempo depois, você foi lá no nosso ambulatório e minha colega Gabriela já tinha me ouvido falar de você. Ela me disse várias vezes pra eu ir lá falar com você, mas não era assim que eu queria que você me visse. Acho que, na verdade, eu nunca soube como me comportar na sua frente. 

Tantos momentos vem, agora, em flash, na minha cabeça, todos com tantos detalhes. A primeira vez que conversamos. Uma mensagem de "vem" que fez meu coração acelerar a 188bpm e deixar o aniversário que estava com meus amigos pra um fim de noite no pub.  O primeiro convite: uma apresentação no Clube do Choro. Precisava ser uma coisa mais intimista, mas precisava ser descolado, precisava fugir do convencional e precisava ser divertido pra você. Pensei nisso tudo. Comemos pastel e tomamos cerveja. Eu queria Heineken, mas você preferia Bud! Lembro de te levar pra casa e de não querer que aquela noite acabasse. Um almoço em um restaurante ali perto. Um dia que eu tentei te levar pra jantar, mas o restaurante tinha fechado! Terminamos no macarrão, única coisa que eu sabia fazer...  Uma festa dos residentes, um dia de cachorro quente gourmetizado perto da sua casa (e o caminho de volta mais mágico que já caminhei). Outro dia de troca de fotos despretensiosas. Uma noite de aniversário da Camila e a gente a acompanhando no barzinho badalado. Mas, uma das partes que mais me lembro, era de ler o que você escrevia. Seu blog cheio de metáforas misteriosas, seu encanto pelas palavras, minha vã esperança de desvendar os sentimentos desse coraçãozinho que gritava. Uma resposta sua a um post meu, que eu li muitas vezes e tive dificuldade em interpretar. E tantas e tantas outras vezes eu voltaria àquele post só pra ler seu comentário no final. 

Foi uma fase difícil pra mim. Quando terminei a residência fiquei um ano sem passar pela comercial da 102 porque não queria lembrar dessa época. Eu vivi um momento difícil em minha vida, um momento que não soube lidar. Tantas incertezas... talvez você tenha pego a pior fase desse momento. Um ambiente hostil e eu, talvez por acreditar demais, talvez por exigir demais, talvez por querer fazer mais, fui muito alvo de gente perversa. Por muito pouco eu não abandonei a residência. Logo eu que, depois de abandonar engenharia elétrica, qualquer possibilidade de "perder" mais tempo, já me desesperava. Caminhei por um vale cheio de tormentas, mas o sofrimento, por ser coletivo, trazia um senso de união. No terceiro ano, praticamente não pisamos no hospital e isso me fez respirar. Duas atividades me trouxeram sobrevida e me mostraram que a prática profissional pode ser diferente daquilo que eu experimentara naquele hospital. Enfim, sobrevivi, mas me perdi no caminho. Mas te perdi no caminho. 

Eu tento repassar esse momento pra entender o que aconteceu, mas eu não consigo entender o que eu fazia. Tenho 100% de certeza que eu te afastei e que te fiz sofrer. Logo eu que queria te salvar do início ao fim. Não me sai da cabeça o dia que eu saí do hospital e te encontrei sentadinha no degrau ao lado da calçada. Queria que nada daquilo fosse culpa minha, e talvez não tenha compreendido naquele momento, mas hoje tenho tanta certeza de tudo que se passou. Tínhamos, naquele momento, tudo que eu mais queria hoje. Subitamente estávamos os dois em um congresso no Rio e longe um do outro. E aí a vida nos separou. Ou fui eu, covardemente.

Incrível pensar que, passado tanto tempo, passado tanto espaço, o coração ainda sente um alento quando leio aquele comentário aqui no meu blog. E eu sempre volto pra lê-lo de tempos em tempos. Torci muito por você nesse período. Cada conquista sua compartilhada ao mundo, que era a parte que me cabia, me fazia vibrar. Senti tanto orgulho com sua luta, suas conquistas. Eu não sabia nada do que se passava em sua vida, mas me sentia realizado com tudo o que você conquistava. Talvez meu maior alento foi ver o sorriso no seu rosto expresso em algumas fotos, por um bom tempo. Sempre foi lindo te ver sorrir! Também fiz outra graduação (ainda faço), mas já nem sei se quero terminar. Acho que a única constância na minha vida são os textos, os poemas e, especialmente, a música. Eu com meu violão desde os 13 anos (o mesmo) juntos nessa jornada, tentando compreender o que é a vida e o que fazer com ela. Confesso que ainda não chegamos a uma conclusão. Ainda não cheguei a uma conclusão.

A única conclusão, ao pensar que dez anos se passaram, é que tenho um sentimento absurdo de carinho, uma admiração sem limites e uma culpa maior que o mundo. Culpa por tudo que não te dei, mesmo querendo. Culpa por tudo que não soube te mostrar, mesmo sentindo. Culpa por ter deixado tudo se esvaecer, mesmo desejando. Culpa por não ter vivido, mesmo sonhando.

O caminho inexorável do tempo não permite que mudemos as coisas, então tento, com essas palavras, te dizer o quão importante você foi pra mim e o tanto de remorso que sinto por ter te deixado ir. Na verdade, neste momento, só queria te pedir perdão pelas lágrimas que poderiam ter sido evitadas e não foram. Vou sempre torcer muito por você da arquibancada da vida e cultivarei caliandras pra cobrir de plumas um colo afável deveras espalhado por aqui. 

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 Talvez minha vida seja igual a este blog: uma eterna tentativa de alcançar alguém. Sem sucesso. Ponto.

 Ouvindo: Fare Thee Well - Perdida - Stone Temple Pilots
Hoje a dor foi maior que o sonho. Hoje a tristeza venceu a esperança. Evitei o travesseiro por horas maratonando alguma série que fizesse sentido no meu coração (Obrigado This Is Us!). Fui acordado pela mesma dor que me acompanhou este último mês. Lembranças do dia de ontem fixadas na cabeça. Mais um dia como tantos outros vividos nessa vida, mais um dia sozinho, pensando no que poderia ser e não foi. Mais um dia em que eu deixo minha vida se esvaecer como areia escorrendo pelos meus dedos. Sentado em um local qualquer, tentando empurrar um açaí qualquer que só me fazia lembrar mais de você. Uma força sobrehumana pra não desaguar em lágrimas em público, uma força sobrehumana pra evitar algo que eu nem ligo. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Hoje eu pensei em você. Acho que essa semana toda eu pensei em você. Talvez tenha sido por ler seus tweets mais tristes, talvez por sentir falta de alguém com quem eu possa conversar sobre qualquer coisa, talvez os dois... Senti uma vontade de estar perto só pra te dar um abraço e poder dizer que as coisas vão ficar bem, mas senti também uma vontade de receber esse abraço e ouvir a mesma coisa. Culpo a distância, mas a vida se encarrega de... não, esse mentalismo nunca me levou a lugar nenhum. Não é a vida, sou eu! E me culpo mais um pouquinho. Talvez eu esteja em um daqueles momentos que combinariam com um filme do Woody Allen, o som de um jazz antigo, um dia chuvoso no Central Park e duas pessoas deslocadas do mundo, mas que se bastam. Queria que fosse você hoje lá comigo. Como há muito não conversamos, acho que teria muito assunto, não é? Quem sabe terminar a noite ao estilo paulistano, uma breja, uma banda e depois... ahh... depois a gente passa em uma pizzaria. 

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Era um entardecer de sexta feira. Dirigia rumo a um lugar qualquer, para uma situação que não lhe interessava muito. O caminho em si, por outro lado, tornou-se seu maior entretenimento. Gostava de passar por aquelas vias, sempre observando as pessoas caminhando, os outdoors comerciais que insistiam em tentar convencer e, ainda, aqueles apartamentos que começavam a se iluminar à medida que o sol ia se pondo. Gostava do contraste entre as luzes acesas de alguns apartamentos e apagadas de outros. Sempre se concentrava primeiro naqueles sem luz e perguntava onde estariam aqueles que não poderia observar. Em sua cabeça, imaginava muitas vidas e infinitas possibilidades. Talvez tenham viajado e estejam vivendo deliciosos momentos ao lado de suas famílias; talvez, ainda presos no escritório, estejam terminando o último projeto de sucesso; quem sabe não puderam sair porque salvavam vidas.
O caminho, por si, não demorava muito. Tão logo chegava, aquelas imagens e possibilidades logo se dissipavam na usual rotina do ser humano. Absorto em seus afazeres, tinha pouco tempo para pensar naquelas vidas ao longo do dia. Porém, tão logo o sol se punha e dirigia-se para seu descanso, aquelas imagens rondavam-lhe a cabeça.
Gostava, especialmente, de observar os grandes apartamentos envidraçados, que permitiam uma rápida olhava. Comumente, conseguia ver pessoas, porém lhe chamava muita atenção as oportunidades festivas. Via pessoas se cumprimentando, curtos abraços, vários diálogos. Já não pensava muito em quem seria, somente comparava aqueles momentos com os seus.

Sem que percebesse, tentava participar daqueles momentos mesmo que de longe. Nunca parou para pensar, no entanto, que só projetava vidas perfeitas, vidas que gostaria de ter tido... Nunca pensou que o trabalho pudesse ser a experiência mais estressante de um, que  outro vivesse um pequeno martírio todo dia que chegava em casa, ou que alguém sofresse pelo simples fato de sofrer. Na tentativa de participar da suposta vida perfeita que não tinha (nem ninguém), esqueceu a sua e, quando se deu conta, já não tinha mesmo.

domingo, 29 de março de 2015

Assusto-me quando ligo a televisão e vejo mais uma tragédia acontecer. Tantas vidas perdidas com a mesma velocidade que procuram para ela achar explicação. Em menos de dois dias há culpados; ou melhor, culpado. Tem nome, sobrenome, residência, profissão, currículo, família, ex-namorada e história médica. Mais rápido do que isolar a área do acidente para o trabalho da perícia, um vazamento de gravação leva à primeira pista, ao primeiro indício e, subitamente, tudo parece estar explicado. A velha necessidade que temos de justificar o injustificável, de explicar o que não compreendemos, de racionalizar tudo que se sentimos. Uma vida inteira é vasculhada, não importa a quem prejudique. Informações verídicas e inverídicas são jogadas aos quatro ventos, procuram a todo momento a melhor cobertura, o melhor furo, a informação mais acertada. Não se preocupam, talvez, com mais de uma centena de vítimas e seus familiares, não se preocupam com todos outros que nada mais podem fazer a não ser sofrer. Tristes e tenebrosos os dias quando os sentimentos, a honra e a paz são desrespeitadas por um simples furo de reportagem ou uma carreira em algum órgão público de acusação. 
Sabe quando você assiste aquele filme que te deixa sensível e te coloca a pensar em botões e frangalhos? Então você pára e só consegue sentir um pontinho lá dentro, que de aparentemente perdido, surge e pulsa e se mostra grande. É como se chorasse, mas o sentimento valoriza tudo que se vive. E qual não seria a vontade disso tudo senão essa sensação de "vida"?!

domingo, 11 de agosto de 2013

Um cigarro, uma heineken, Ella, Evans, Miles... let it snow. 
Foram tantas as vezes que andou por ruas desconhecidas e pessoas estranhas. Tentava manter a cabeça erguida, mas acabava sempre olhando para o chão. Acreditava que aqueles lugares tão diferentes talvez fossem seu lugar. Na verdade, acho que nunca acreditou nisso, mas desejava achar um lugar pra chamar de seu. Nunca achou. Outros países acabavam sendo mais fáceis do que imaginou, talvez nunca acreditara que teria que deixar sua pátria. Cidades próximas era um pouco mais difíceis. Por vezes, saia, conhecia pessoas aleatoriamente e tentava pertencer, mas nunca soube o que era isso. Hoje ele sentiu isso em sua própria cidade. Caminhou entre prédios com apartamentos acesos, ouvindo vozes indistintas que eram indiferentes a sua presença. Não parou. Fez o que tinha que fazer, somente caminhou. A volta fria trouxe um sentimento diferente, doloroso, cruel. Sentiu-se tão sozinho em sua própria cidade como nunca se sentira, mesmo em outro continente. Aquela esperança de ter um lugar seu, com pessoas suas, um colo afável e um abraço apertado... sentiu essa esperança se esvaecer hoje. 

domingo, 9 de junho de 2013

Era alguém que vivia na lua, vizinho das estrelas e olhava sempre para baixo. Tinha os olhos sempre voltados para os acontecimentos mundanos do planeta. Impressionava-se com a simplicidade, admirava as pequenas coisas, torcia pelos sorrisos. Acontece que morava lá em cima e, apesar da beleza de tudo o que o rodeava, era só. Aquelas estrelas, de tão grandiosas, não entendiam a inocência de seu coração. Ele se culpava, mas sonhava. As noites, sentava-se na lua sem ser visto e, com uma vara de pescar, buscava alguma coisa daquele mundo lá de baixo. Quietinho, sem chamar atenção, jogava sua vara e torcia para que alguém o salvasse daquele mundo de gigantes.
Sempre me pego pensando na vinheta da DreamWorks, que mostra um menino sentado na lua, pescando. Como alguém tão perto das estrelas pode se interessar outra coisa?

domingo, 5 de maio de 2013

Assisti o novo filme de Antonio Carlos da Fontoura, Somos tão jovens. Um filme sobre o cenário rock de Brasília, na verdade sobre o Renato Russo. Um filme vívido, dinâmico, ágil, com algumas boas atuações e uma saudade de algo que, no fundo, nunca conheci. Sou de uma geração que nasceu junto com o Aborto Elétrico e era muito jovem para ouvir Legião Urbana em seu início. Entretanto, pouco antes da morte do Renato e mesmo após dela, crescemos aos moldes daquelas músicas.
O grande problema da nossa geração é que não vivenciamos nada (ou quase nada) daquilo que fomentou a formação da banda: a repressão, as influências do punk e pós-punk, o cenário britânico, a ditadura militar ou seus resquícios, a mesmice de Brasília (isso talvez tenhamos visto todos). Acredito que não participar de todo esse movimento criou em nossas cabeças uma ilusão ainda maior sobre tudo aquilo que a banda representara. Talvez não tivéssemos a exata noção de tudo o que as letras significavam, mas vivemos à sombra do maior folclore que essa cidade recém-construída teria.
Impressionava como a banda, questionadora e rebelde, tornou-se triste e melancólica. Uma alma tão sensível  muito ferida por esse mundo cruel, tenho certeza. E quantas vezes essas músicas embalaram nossas tardes e noites, seja em rodinhas de violão, seja reclusos na solidão de nossos quartos. Fato é que a Legião talvez tenha sido o que melhor essa cidade teve, atemporal, intenso e breve. Fica aquela saudade no peito e uma lágrima no canto dos olhos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

That awkward moment when... quando você arruma a sala, desliga a tv, confere se as almofadas estão confortáveis, fica offline em todas as redes sociais, coloca um CDzinho especial pra tocar bem baixinho, enfim pega o celular e... ela não atende! Ops!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Já disse que gosto das quintas-feiras? Quinta é sempre uma promessa, mas e dai se nada der certo? Não é fim-de-semana ainda! No big deal! Já sexta é mais tenso. Não sei por que cargas d'água minhas folgas insistem em cair na sexta. Logo cedo já abro o jornal em busca de programas animados, tentando fazer igual o que todos dizem no facebook. Não raras vezes não acho nada, os amigos somem, ou tenho muita preguiça pra sair, mais ou menos como aconteceu hoje. Adorei conversar na internet com ela sobre a reforma, sobre geladeira e, mais importante, sobre o que deveria ter na geladeira! Pensei nas inúmeras vezes quer compraria alguma coisa que sabia que gostasse e deixaria lá, quietinha, só esperando o dia que ela abrisse aquela geladeira e a encontrasse. Bem, no final, duas cervejas, uma comedia romântica - Friend with Benefits -e um sorriso no rosto. Coração piegas da porra!

domingo, 14 de agosto de 2011

Retrato de um dia dos pais

As imagens fazem parte da minha vida como as músicas. Bem pela manhã - não tão pela manhã assim - acordei e meu irmão já se encontrava em casa. Tinha deixado tudo preparado no dia anterior, então foi só entregar a ele e felicitar nosso pai. Convencemo-no a almoçar fora. Na verdade, nem perguntamos se ele queria. Aquilo parecia tão bom, diferente, digno de uma comemoração. Minha mãe, por outro lado, mostrava-se pouco interessada e tentava boicotar o plano, em vão. Fomos. Oito mesas na nossa frente, espera de uma hora, que passou tão rápido que nem vimos. Uma visita a minha vó. Ela sempre tão feliz com visitas... acostumou-se com a casa sempre tão cheia que ainda sofre por todos terem crescido e seguido seu rumo. Não sabia o que fazer com aquela casa toda cheia, mas um sorriso permanecia em seu rosto. Uma notícia estarrecedora me porturbou profundamente. O professor mais alegre e brincalhão que tive falecera. Tão novo, tão precoce... Ouvi tantos "pra morrer basta estar vivo" que não pude deixar de refletir sobre o que significava "estar vivo". Logo, deixamos os de mais idade em seu alegre jogo de baralho e fomos ao parque, assistir a Fernanda Takai divertindo crianças enquanto o céu se encarregava de deixar tudo mais especial. Bem bonito. Em certo ponto, com o solzinho se pondo ao fundo, nossos olhos não deixaram de reparar: um lençol estendido sobre a grama, um mãe sentada, tomando chimarrão, o pai deitado lendo um livro e a criança, entre os dois, brincando. A vida não pode ser mais simples e feliz, pode? Tantos pais, tantas mães, tantas crianças brincando e sorrindo. Após, teatro que já, ao entrar, já mostrava os atores em cena, esperando-nos. Eduardo Moscovis, você está sentado no meu lugar! Que nonsense, não? Tantas imagens, tantos sentimentos. No final, a certeza que as coisas precisam mudar e o primeiro passo será dado amanhã cedo, bem cedo. Aguardem!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ainda em relação a ER, talvez o Dr. Greene tenha sido o mais próximo de um herói que eu já tive. Triste saber que o seu herói nunca existiu! Tudo bem, o Super Homem e o Batman também não e tem um monte de gente por aí fantasiado! Entendeu porque eu estou ficando careca? ;)
Sempre gostei de séries, mas nunca fui fiel a uma como sou a E.R., Emergency Room, Plantão Médico. Lembro quando comecei a assistir, passava tão tarde no SBT e eu não tinha idade pra ficar acordado. Aquela movimentação toda me fascinava. Confesso que tenha sido uma das maiores contribuições a minha dedicação a medicina. Cresci acreditando que um pronto-socorro era como o County Hospital, em Chicago. Acreditava que dava pra parar um pouquinho no meio do plantão pra jogar basquete no meio da noite, que a gente tomava café todo dia de manhã no trailer da frente, que nevava e ficávamos presos na rua, mas não sem antes jogar uma bola de neve na cara do seu colega. Achava que, quando o plantão terminasse e saíssemos do trabalho, a música começaria, a cidade mostraria-se colorida e um sorriso iluminaria o rosto, enquanto os créditos subiriam. No dia seguinte, tudo começaria com um "previously in ER" e eu seria atualizado de todos os fatos, de tudo que era importante pra mais um dia incrível, ao lado de pessoas incríveis, um dia de alegrias e sofrimento que valeria toda a pena. Posso processá-los por terem me iludido tanto?
Hoje estava sendo no sofá, olhando pra lugar nenhum, pensando no rumo que vida tinha tomado. Aproveitei e pensei em todos aqueles que estiveram ao meu lado durante todos esses anos. Hoje, cada um em seu lugar e, em algum momento, devem parar e pensar o mesmo. Acho que estou me dando conta que cresci, que a vida não é mais diversão, não são horas de conversa no telefone, não é mais dever de casa, não é estudar pra prova. Começo a perceber que hoje não posso falar dos meus colegas como "meninos" e "meninas". Mas o que mudou aqui dentro, senão a falta que sinto por não ter mais tudo isso?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Que saudade do tempo que era só trocar o cartucho e pronto! Saudade do tempo que celular funcionava só pra ligar! Principalmente, saudade do tempo que marcávamos na 6a-feira uma saída no sábado e bastava isso! Agora jogamos a idéia na 6a, confirmamos por e-mail, lembramos por SMS e ainda avisamos que estamos saindo nas redes sociais! Pior, agora podemos saber onde as pessoas estão, o que elas estão fazendo... e isso, na maioria das vezes, só machuca! Eu sei que ninguém escreve "to indo" no facebook pensando em ferir alguém, mas vira e mexe isso acontece e a gente nem se dá conta! Quando foi que tudo ficou tão complicado?

domingo, 6 de março de 2011

Quando o destino te permite escolher entre a felicidade comedida, mediana, desinteressante e uma nova tentativa, sem garantias, você pára, empaca e simplesmente não sabe o que fazer. Todos, absolutamente, diriam que é necessário tentar, ousar, se jogar em novas terras; mas quanto a fazer, as coisas ficam um pouco mais complicadas. Quando trata-se de corações, de dor, de alegrias e tristezas, nossas decisões ofuscam-se e, embora saibamos o que diríamos para outrem, o silêncio e a indecisão imperam sobre nossas cabeças. Como no trivial Comer, Rezar e Amar, quando na mesa de Thanksgiving Day, ouve-se "I thank God for fear because for the first time l’m afraid the person next to me will be the one who wants to leave". Se desligar depois de tanto tempo parece tão difícil! Prefiro os relacionamentos que acabam em traição, em brigas feias, em raiva... já quando o motivo é... qual mesmo o motivo? Simplesmente seguir em frente, sem raiva, sem angústia, só com a dor no coração e a solidão da vida. Mas como? Nesse momento, as coisas parecem estar mais claras pra mim. Eu não sei o que sinto, o que fazer ou pra onde ir. Não sei mesmo. Enquanto não souber, melhor não machucar ninguém.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Era uma pessoa 98% emocional e, desse jeito, não conseguia entender como o mundo acontecia. Queria ser menos intenso, queria sofrer menos, queria amar menos. Não entendia como iam todos sempre ao trabalho sem olhar pro céu, sem ouvir as árvores. Nunca conheceu outro como ele, nem outra, nem algo. Sentia-se uma estrelinhas, sentia-se abandonado em um mundo de gente grande. No fundo, estava. No fundo, nunca procuraram entendê-lo. Mas nunca desistiu, deve estar por aí.

"A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando se apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela e toda luz que ela tinha cabia numa janela. A lua ficou tão triste com aquela história de amor que até hoje a lua insiste: Amanheça por favor!"
do Leminski

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Papai Noel, vê se você tem a felicidade, pra poder me dar! Já faz tempo que eu pedi, mas o meu papai noel não veio, com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem... e depois dizem que natal é uma época feliz...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lembro-me quando passávamos a noite de natal aqui em casa. Os preparativos começavam a ser feitos no dia anterior, a casa era arrumada, eu me certificava que os enfeites da árvore estavam arrumados e não havia nenhuma lampadazinha queimada. Tudo pronto, agora esperávamos pelos convidados que, sempre, tardavam a chegar. Achava incrível como os presentes embaixo da árvore iam se multiplicando, em cores, em formas, em tamanhos. As crianças sempre ficavam perto, olhando os nomes, procurando algo que lhes pertenceria em poucos instantes. Gostava de brincar com os primos, tomar um gole de espumante (um gole eu deixo você tomar, filho!), comer a sobremesa gostosa da minha tia. Sempre voltava pra casa, com a barriga cheia, o saco cheio de presentes e um sorriso no rosto. Ao entrar, não entendia como é que o porteiro passava a noite sozinho a controlar entradas e saídas das pessoas que iam se divertir e comemorar com suas famílias. Sentia-me tão triste por ele, que fazia questão de preparar um prato super bonito com uma garrafa bacana de espumante e levar pra ele. O sorriso recebido fechava com chave de ouro toda aquela noite mágica e encantada.
(suspiros)
Onde foi parar tudo isso?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Yeah! Apaguei uns 20 posts de alguma coisa que existiu, mas agora não faz o menor sentido!
Cada vez que tento racionalizar a vida me convenço que ela é simples. Simples como acordar, escolher entre o azul e o branco, decidir entre leite ou café, ir de taxi se chover, metrô do contrário... Mais, simples como dar bom dia aos estranhos, levar café pro colega, comprar o livro que sua amiga tanto queria, mandar um "bom dia" por SMS, convidar outros pra almoçar, ceder seu lugar no ônibus, fazer as crianças da rua rirem (e descobrir que quem ri é você!), atravessar na faixa, esperar o sinal, dar tchau antes de ir embora e um beijo antes de dormir. Mas, se é tão fácil, por que a gente tem sempre que complicar tudo?

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sem chances, ele pensava enquanto assistia o dramalhão televisivo. Seus olhos vidrados na tela, sua mente formulando críticas e aqueles olhos em seu pensamento. Não acreditava, não era possível! Tentava racionalizar, atribuía seu estado às cenas românticas que assistira, mas, sabia, não se tratava de uma história de amor. Sem saída e em dúvida, aproveitava. Há tempos não tinha olhos em sua cabeça e sorriso em sua face.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Assisti A Suprema Felicidade, do Jabor. Um time de primeira com incríveis interpretações contando uma história não linear que poderia ser a minha, a sua, daquele outro ali. É uma filme sobre a vida, sobre a busca da felicidade, que pode ser percebida em cada cena, seja nos olhos de um avô delirando, seja nas fotografias entregues ao comprador de jornais, mas, muitas vezes não percebida...
Se nada disso interessasse, ainda tem a Tammy Di Calafiori bem a vontade, digamos! Um pitelzinho, como diria o Marcelo Tas.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sabe aquela história do cometa que se choca com Terra? E aquela do rapaz que vai e vem encontra alguém e nunca dá certo? O que elas tem em comum? Não é o fato do garoto esquecer de toda a catástrofe e correr atrás da garota sem se importar com o fatídico fim. Tampouco o fato do rapaz seguir vivendo, aos trancos e barrancos, apesar de toda intempérie cotidiana. Este último, na verdade, faz-me pensar que a vida está mais pra uma propaganda de cerveja que de margarina. Não aquelas que só tem festa, mulheres semi-nuas e muita curtição, mas aquela que diz que tudo é redondo e gira e dá voltas. E, sabe, por mais que tudo gire, sempre falta alguma coisa. Sempre há algo incomodando, fazendo com que sonhe por não faltar ou simplesmente vivendo de outras formas. O dia que não faltar, acredito, iremos atrás da garota, mesmo com um meteoro atrás de nossas cabeças. (suspiros)

sábado, 4 de setembro de 2010

Foi o tempo em que os dias eram claros e as noites promissoras. Foi o tempo em que as tardes eram alegres e vivas. Foi o tempo que o telefone era extensão do seu dia. Foi o tempo que você ligava pra mim. Pena.